Com foco no equilíbrio fiscal e fortalecimento social, medidas alinham despesas e receitas, ampliam justiça tributária e promovem transparência nos programas públicos para economizar R$ 70 bilhões em dois anos
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Enfim, a Selic cai. Para 12,75%
Decisão mostra que pressão inflacionária perdeu espaço. Preocupação, agora, é com emprego.
No corte de juros mais agressivo em mais de cinco anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou no início da noite de ontem a redução de um ponto percentual na taxa básica de juros da economia, para 12,75% ao ano. A última vez em que o Banco Central (BC) cortou a Selic foi em dezembro de 2003 – na mesma porcentagem. A decisão pegou a maioria dos analistas de surpresa, já que o mercado trabalhava com redução menor, de 0,75 ponto.
Em comunicado divulgado após a decisão, os diretores do BC afirmam que "o Comitê inicia um processo de flexibilização da política monetária realizando de imediato parte relevante do movimento da taxa básica de juros". Segundo a nota, o corte de um ponto não trará "prejuízo para o cumprimento da meta de inflação".
Na reunião, cinco diretores votaram pelo corte de um ponto e três optaram por redução de 0,75 ponto.
Na última vez em que o BC cortou o juro nessa medida, no final de 2003, o contexto econômico era muito diferente. De junho a dezembro daquele ano, o primeiro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o juro caiu 10 pontos. A redução era respaldada pela melhora dos indicadores de investimento estrangeiro depois da demonstração de desconfiança do mercado com o resultado das eleições de 2002. Hoje, a situação é oposta.
Em meio aos efeitos da crise financeira mundial sobre a economia brasileira, o BC tem sido alvo de inúmeras críticas de dentro do próprio governo e do mercado. Para os críticos, o desaperto monetário deveria ter começado no fim de 2008 para tentar minimizar o impacto da crise. Até o presidente Lula tocou no assunto e, nos bastidores, passou a agir mais fortemente a favor da redução dos juros e dos spreads.
No mercado, a expectativa de um corte maior da Selic ganhou força nos últimos dias com a divulgação de dados de deflação e queda da atividade do final do ano para cá.
Em dezembro, foi exatamente a falta de definição sobre a trajetória da inflação e da atividade econômica que fizeram o Copom ignorar a sugestão de corte de 0,25 ponto e optar pela manutenção da taxa. Na ata daquela reunião, no entanto, o BC já havia indicado que poderia reduzir os juros a partir de janeiro. Mas não se sabia qual o tamanho do corte.
Na inflação, o que mais chamou a atenção nos últimos dias foi o Índice Geral de Preços - Mercado 10 (IGP-10), que teve queda de 0,85% em janeiro, a maior já apurada pelo indicador. Na visão dos analistas, o IGP-M anulou qualquer preocupação com os preços e enterrou a possibilidade de que a alta do dólar – outro reflexo da crise – pudesse ocasionar reajustes.
Enquanto a atividade econômica dá sinais cada vez mais claros de que está patinando, cresceu a preocupação com o emprego. Segundo o Ministério do Trabalho, 654 mil foram demitidos em dezembro, a pior marca histórica.
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